Atendo uma criança em uma escola
municipal que tem a Síndrome VAN DER
KNAPP, é surda e hiperativa. Iniciamos o
trabalho com a aluna quando ela tinha três anos, hoje ela está com cinco anos,
precisou ser medicada para amenizar seu comportamento hiperativo. A evolução da
aluna nesse período foi muito significativo à família e a toda comunidade
escolar. Quando se fala de inclusão a aluna é a referencia na cidade. Referimos à cidade por ser pequena, com quase 3.000 habitantes e essa aluna
é a única criança surda da cidade e é um lugar onde todos se conhecem.
No entanto, temos que
destacar dois trabalhos realizados na
escola que foi fundamental para que essa criança se sentisse acolhida e
literalmente incluída no ambiente escolar.
O primeiro trabalho a ser
realizado no momento em que a recebemos
foi à preocupação de iniciar a introdução de uma língua já que ela não
sabia nem o português nem a Libras, apenas tinha um tipo de comunicação com a
mãe. Para nossa surpresa todos os primeiros sinais em LIBRAS que fora
trabalhado nos primeiros atendimentos a aluna assimilou rapidamente seus
significados e significantes e passou a demonstrar em outros contextos, fazendo
uso dos sinais corretamente, aprendeu rapidamente o alfabeto digital e a toda
oportunidade gostava de mostrar a letra com seu respectivo sinal, tudo
isso no primeiro mês de atendimento e
com apenas três anos.
Esse comportamento de interesse e
de aprendizagem rápida da aluna nos motivou a ensinar também sua turminha de
sala. Pensamos na necessidade de ensinar também seus amiguinhos, pois seriam
eles que iriam se relacionar e acompanhá-la em uma grande parte de sua vida. E
assim iniciamos o trabalho com a introdução da LIBRAS com a classe. O interesse foi contagiante todos queriam
saber mais, as palavrinhas trabalhadas eram pouco para eles. Para a aluna era
uma alegria constante em perceber que aos amigos estavam aprendendo o mesmo que
ela e que estavam usando para se comunicarem com ela e com a professora de
LIBRAS. A partir de então, além de saciarmos o interesse da turminha
diariamente, temos uma aula semanal de LIBRAS com a classe.
O segundo trabalho a ser
destacado foi a divulgação da LIBRAS pela turminha da classe da aluna à toda
escola.
A cada dia trabalhado no horário do
lanche, hora da chegada e horário da saída os alunos brincavam em mostrar para
os outros coleguinhas o que haviam aprendido em LIBRAS e assim as outras
crianças também queriam saber como sinalizar determinados sinais para se
comunicarem com a aluna surda. Então, resolvemos ensinar toda escola no período
em que a aluna estuda no horário do lanche a oração e a música em LIBRAS. Esse
é o horário de maior alegria para a aluna, ela canta, se movimenta e se encanta
ao ver todos da escola rezando e cantando como ela.
Com esse trabalho a aluna está
aprendendo a se comunicar com todos da escola em LIBRAS com naturalidade e sem
preconceitos.
Para uma escola de Educação
Infantil acredito que são as pequenas atitudes que representam grandes práticas
de inclusão escolar e ao nosso olhar como especialista são pequenas as
atitudes, mas com certeza, fazem a diferença de uma vida inteira.
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